CULTURA, SUBCULTURA E CONTRACULTURA
- Anderson Bomfim
- Aug 19, 2023
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A cultura no sentido mais amplo, significa simplesmente os padrões seguidos por um determinado grupo. A cultura implica certa medida de homogeneidade. Mas se a unidade é maior que o clã ou a tribo pequena, a cultura correspondente há de compreender uma quantidade de subculturas, e de subculturas de subculturas, entre as quais pode haver uma grande variedade e diversidade. Se as variações ultrapassam determinado limite, surge uma contracultura, e este processo pode se tornar algo destrutivo.
A fé cristã não deve ser vista como um tipo de cultura restrita, limitada a um grupo ou comportamento isolado do contexto social, geracional e global. Ser separado do mundo pode ser base do ser subcultura. A proposta do mandato criacional é de cultivar (Promover cultura pelo cultivo) e guardar (Proteger, preservar e manter a salvo o propósito original).
Portanto, santidade não tem a ver com isolamento. A santidade se completa à medida que somos desenvolvidos e enviados. O propósito da santidade não é de sentir-se bem ou melhor, mas cumprir a Missão, por isso Jesus se santificava por eles. Cremos que os cristãos não devem se retirar da cultura, mas se envolver ativamente de forma transformadora.
A cultura é um conceito que está sempre em desenvolvimento, sempre influenciada por novas maneiras de pensar, crer, se expressar, legislar, trabalhar, hábitos e aptidões adquiridos como famílias ativas em sociedade. Quando se fala sobre promover Cultura, precisamos definir nossos níveis de atuação.
Historicamente cristianismo desempenhou papel de destaque na formação da civilização ocidental, na arte, economia, educação, legislação, governo, família, tornando-se confissão de fé de Estado de vários países. O estado de Israel tem até hoje sua cultura fundamentada na fé abraamica, assim como o Estado Islâmico. Não são subculturas, seus princípios de fé estão presentes em sua forma de viver sociedade em todas as suas esferas e não apenas uma parte isolada da vida religiosa.
O Cristianismo é abraamico, resultado de um chamado para constituir um modelo de vida em comunidade, como nação consagrada, segundo a constituição (Mandamentos) entregue pelo próprio Deus. Constituição é mais do que um documento, é o processo pelo qual se forma algo. É o ato de compor e estabelecer. É nomeação, ordenação. Conjunto de termos reguladores de ordem e governo. A lei fundamental e suprema de uma nação.
Cristo descreve no sermão das bem-aventuranças o tipo de gente legislativa que construirá uma cidade sobre o monte. Uma maneira de viver cidade em Deus. Homens chamados luz do mundo não podem viver no mundo das sombras, escondidos embaixo das mesas. A proposta é plantar sementes de uma nova cultura até os confins da terra.
A maneira como creio se expressa na maneira como vivo. Fazemos "bem" tudo e fazemos "o bem" com tudo. Fazer bem é uma questão de capacidade e competência. Ninguém é influência sem ser referência. Fazer o bem é uma questão de natureza interior, de ser governado pelas leis do Reino, fala de disposição de coração e sanidade espiritual (Cl 3:17 e 23. Mt 5:16). Plantemos a Cultura de médicos excelentes, humanos, justos. Professores preparados, dispostos, atenciosos, afetuosos. Líderes servidores, pais que corrigem com amor, homens que governam com autoridade.
Por isso, a fé é determinante na maneira de viver e exercer sua vocação com excelência na cultura, por isso, a fé é inimiga da mediocridade. A questão é que homens abaixo da média em tudo que fazem nunca serão referência, nunca terão influência sobre a maneira como as pessoas vivem, apenas sobrevivem cativos em pequenos mundos de insignificância, na expectativa escapista de um outro mundo melhor, para pessoas melhores.
Em meio a influência de uma sociedade multicultural não podemos pensar como subcultura. Toda subcultura é representada por um grupo minoritário de pessoas com características próprias (comportamentos e crenças) que vivem a parte da sociedade. Tem sua própria arte, músicas, danças, roupas, ritos, mitos, linguagem, economia, educação, organizações sociais. A subcultura apresenta pessoas de pensamento, percepção e moral limitadas. Não sabem lidar com a diferença, com a pressão, resistência, dificuldades. Sofrem de síndrome persecutória. Subcultura tem expressão e relevância cultural limitada.
A involução cultural sintomatiza nossa fraqueza intelectual, moral e social. A relativização de tudo é resultado na falta de convicção de muitos. Nossa omissão é tratada como cumplicidade. Quando nos calamos aprovamos todo modo de vida estéril, infrutífero, todo tipo de pensamento obscurecido.
O caminho para deixarmos de ser subcultura é não temermos ser contracultura, assumirmos nossas origens, as bases da nossa fé, a realidade de céus abertos e Espirito derramado, o Reino conferido a sacerdotes ministros governantes, lei do Espírito impressa viva, leve e dentro, a missão do novo homem recriado para trazer liberdade, o legado da adoção de filhos, igreja dos primogênitos.
Em Atos vemos uma comunidade apostólica se levantando sobre esses fundamentos, foram notados pela cidade, não pela mídia que produziam, mas por sua maneira de viver comunidade, na maneira como tratavam uns aos outros.
Para que se estabeleça uma sociedade influenciada pelos valores da cultura do Reino de Deus, precisamos ser cultivadores de princípios, plantar ideias, soluções, caminhos, possibilidades, na esfera do conhecimento, educação, arte, crenças, leis, economia, tecnologia, ciência, direito, nos costumes, em todos os hábitos adquiridos em família e em sociedade. Plantar uma cultura exige envolvimento com todos os processos da terra. Sejamos cultivadores... Homens de muito fruto são homens de muita semente.
Não podemos mais viver como se nada tivesse acontecido, não podemos mais pedir para sermos cheios do Espírito e continuarmos andando como homens vazios, de forma imprudente e displicente. Não posso ser testemunha de uma realidade que não tenho consciência (Não vejo, não creio). Essa comunidade não apenas orava pelas pessoas, mas davam o que possuíam (Levanta e anda). Arriscamos pouco porque vivemos na ignorância do que nos foi confiado. Prossigo Repensando Reino, cultura, Espiritualidade, vida em Comunidade e sociedade.
Anderson Bomfim Professor de Fé e Cultura Academia Teológica.